Espera por aparelho de audição pode chegar a 8 anos na Paraíba

Leandro PereiraA perda gradativa da audição começou a incomodar a aposentada Francisca Lira, de 75 anos, no ano de 2006. Foi então que ela decidiu procurar um otorrinolaringologista, que a encaminhou para o Hospital Edson Ramalho, em João Pessoa, onde, por meio do serviço de recuperação auditiva, ela poderia ter acesso a um aparelho auditivo gratuitamente. E ela ainda está esperando. Sem ouvir quase nada e também quase sem esperanças de, um dia, poder ouvir novamente, ela faz parte da lista de 400 pessoas que aguardam para ter acesso ao benefício. Alguns estão esperando há mais de 8 anos pelo equipamento.

Para a aposentada Francisca Lira, não ouvir é algo que além de incômodo, é constrangedor. Ela relatou conseguir ouvir apenas um pouco e com o ouvido direito, que é auxiliado pela leitura labial que ela aprendeu a fazer para conseguir conversar. Para ela, saber que existia um serviço que poderia trazer de volta sua audição foi um alívio, porém quando a espera teve início, isso se transformou em outro incômodo em sua vida.

Desde 2006 a aposentada vai quase que mensalmente ao setor de recuperação auditiva do Hospital Edson Ramalho para saber quando o aparelho chegará, mas a resposta é sempre a mesma.

“Eu me sinto prejudicada demais. Eu não espero eles me ligarem para dizerem que o aparelho chegou. Eu sempre venho aqui saber alguma novidade, e a resposta é sempre a mesma: ainda não chegou. Eu preciso e não tenho condições de pagar, porque é muito caro”, lamentou.

Conforme a aposentada, quando o aparelho não chega, o paciente tem que ir de 6 em 6 meses ao setor para renovar os exames.

Somente assim pode ser garantido o acesso a esse direito. Apesar de todo esse tempo de espera, ela garante que as esperanças existem. “Eu já estava desanimada, mas agora me mostraram no computador que o meu aparelho deve chegar em janeiro ou fevereiro. Vi meu nome no computador. Voltei a ter esperança”, disse, apontando para o ouvido direito, aquele que ainda capta um pouco de som e por meio do qual ela ainda ouve o mundo.

Vivendo a mesma situação está a aposentada Maria Martins, de 81 anos. Ela tem perda auditiva nos dois ouvidos, o que, segundo a sua filha, a comerciante Maria de Fátima Santiago, causa muito incômodo. “Para conversar com ela, tem que falar tão alto que praticamente conversa com os vizinhos também. Isso a irrita e nos irrita também. A gente fica ansioso, sabendo que ela tem essa necessidade e tendo que esperar tanto tempo para mudar isso”, revelou.

Segundo a comerciante, a sua mãe deu entrada no processo para ter acesso ao aparelho auditivo no início deste ano e nesse mês teve que voltar ao setor de otorrinolaringologia do Hospital Edson Ramalho para renovar os exames. Agora, a previsão é que em até 3 meses ela seja contemplada com um aparelho auditivo.

Diferentemente da situação das aposentadas, Maria Clara, de 3 anos, demorou apenas cerca de 2 meses para ter o aparelho auditivo disponibilizado gratuitamente pelo Serviço Único de Saúde (SUS), lá no Edson Ramalho.

De acordo com a sua mãe, a dona de casa Edilma dos Santos, assim que recebeu um encaminhamento de um médico no município de Patos, Sertão do Estado, ela se dirigiu ao Hospital Edson Ramalho, onde recebeu as orientações e, então, sua filha foi contemplada.

“Minha filha nasceu boa e com 6 meses a médica falou que ela tinha perda de audição. A família toda não acreditava, dizia que ela ia falar com 3 anos e que ia dar tudo certo. Mas, depois dos 2 anos, recebi o diagnóstico e o encaminhamento. Agora ela já está com o aparelho e, graças a Deus, já está começando a falar”, comemorou.

Fonte: Othacya Lopes-Jornal da Paraiba